Capítulo 1 – Entre o Amor e a Estrada
João sempre foi caminhoneiro. Desde jovem, encarava as estradas do Brasil com coragem, paixão e um amor imenso pela liberdade que só a boleia de um caminhão podia oferecer. Levava cargas, sonhos e histórias pelas rodovias do país. Mas em casa, deixava outra história esperando: sua esposa, Helena.
Helena sempre foi parceira, paciente e amorosa. Criou os filhos praticamente sozinha, enquanto João vivia pelas estradas. Com o tempo, o silêncio em casa ficou pesado, as datas importantes passavam em branco, e o coração dela sentia falta do carinho e da presença dele.
Certa noite, sentada à mesa sozinha mais uma vez, ela pensou: “Será que ainda vale a pena?”
A decisão difícil
Ao perceber o distanciamento da esposa, João resolveu mudar. Largou a vida de caminhoneiro e começou a trabalhar de Uber na cidade, querendo ficar mais próximo de Helena.
Mas a cidade era um caos. Trânsito pesado, passageiros apressados, estresse diário. João estava presente fisicamente, mas seu coração ainda estava na estrada. A saudade do asfalto, do cheiro da gasolina e do som do motor era insuportável.
O recomeço a dois
Foi então que, num fim de tarde tranquilo, Helena tomou a iniciativa:
— João… volta pra estrada. Eu sei que é o que te faz feliz. E dessa vez, eu vou com você. Nossos filhos já estão criados. É hora de vivermos isso juntos.
João não acreditou. Seus olhos se encheram de alegria. Compraram um caminhão novo, adaptado para os dois, com conforto e tudo que precisavam. E então, caíram na estrada, agora como companheiros de vida e de viagem.
A frentista e o aviso
Durante uma parada num posto de estrada na Bahia, João cozinhava sua famosa comida no motorhome: arroz, feijão e bife acebolado. Foi quando conheceu Clara, uma jovem frentista que se encantou por ele.
— Você é diferente, seu João. Tem um jeito doce…
Antes que algo passasse do ponto, Helena apareceu.
— Moça… ele é meu marido.
Clara, envergonhada, pediu desculpas.
— Me perdoa… eu não sabia. Mas agora entendo. Vocês têm algo verdadeiro. Desejo tudo de bom.
O casal seguiu viagem. Mais unidos do que nunca.
Capítulo 2 – O Caderno Esquecido
Uma nova rota
Já aposentados, João e Helena viajavam por prazer em um motorhome. Estavam num acampamento tranquilo no interior de Goiás, perto de um lago cristalino. Preparavam anotações para um livro com histórias da estrada, quando algo inusitado aconteceu.
Helena encontrou, debaixo do banco do motorhome, um caderno velho de capa de couro, amarelado e desgastado pelo tempo.
Relatos misteriosos
O caderno continha anotações de um tal de Ernesto, um caminhoneiro que dizia estar sendo perseguido por uma figura misteriosa nas madrugadas da estrada.
“Ele aparece sempre no mesmo lugar… o KM 138. Não sei o que é, mas não é humano.”
Junto com os relatos, havia mapas e avisos. Um deles dizia claramente:
“Se você encontrou este caderno, não siga em frente. Volte.”
A estrada do medo
Contra o aviso, a curiosidade venceu. João decidiu seguir o mapa deixado por Ernesto. Helena, receosa, aceitou ir junto.
O destino: um posto de gasolina abandonado no KM 138.
Quando chegaram lá, encontraram um cenário sombrio. O silêncio era absoluto. No meio do balcão empoeirado, havia um rádio antigo. Desligado. Sem energia.
Mas ele começou a chiar. E, do nada, uma voz sussurrou:
— “Se alguém encontrou este caderno… não sigam em frente. Voltem… antes que seja tarde.”
João e Helena se entreolharam. O ar ficou pesado. As luzes do motorhome piscaram… e uma nova aventura, agora cheia de mistério, estava apenas começando.
Autor: Vagner Dias